quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sobre o Preconceito e Intolerância.



Escola onde estudante sofreu discriminação religiosa pede desculpas ao aluno.





RIO - A Faetec emitiu um comunicado oficial ontem pedindo desculpas publicamente ao aluno Felipe Gonçalves Pereira, de 13 anos. Em junho do ano passado, o adolescente foi expulso da sala de aula aos gritos de "filho do capeta" pela professora. Desde então, está em tratamento psicológico.
Assinado pela professora Maria Cristina Lacerda, vice-presidente educacional da Faetec, o documento afirma que a escola abrirá uma sindicância:
- Nós repudiamos qualquer tipo de preconceito. Incentivei a regulamentação do Núcleo de Estudos Étnico-Raciais e Ações Afirmativas. O fato ocorreu e a diretora tomou ações pedagógicas. Infelizmente, não tínhamos ciência que o caso não tinha sido resolvido.
Preconceito na aula
A secretária municipal de Educação, Claudia Costin, afirmou que, durante suas visitas às Coordenadorias Regionais de Educação tem deixado claro o princípio de uma escola pública laica, em que não há pregação e intolerância religiosa.
- A religiosidade deve entrar em sala de aula como cultura geral, numa aula de história, por exemplo, e não como pregação. É condenável que pais, alunos e professores tenham preconceito. O professor que discriminar o aluno sofrerá sindicância, se ele for a vítima de discriminação deve enfrentar a situação como uma oportunidade educacional para orientar um aluno que, geralmente, repete atitudes aprendidas dentro de casa. O pai deve ser advertido e, em casos mais graves, a autoridade policial deve ser chamada.
A secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, repudiou os atos, mas decidiu aguardar a sindicância. A Secretaria estadual de Educação explicou que o ensino religioso é oferecido apenas aos alunos que desejam ter a disciplina e que as aulas são voltadas para cada fé.

4 comentários:

  1. Isso é um absurdo.. mas nós estamos juntos nessa e vamos vencer...

    ResponderExcluir
  2. A dificuldade da convivência humana é nada mais nada menos do que a luta de cães e gatos para disputar um pequeno pedaço de osso na socidade. A falta de conheçimento faz as pessoas definir religiãi como uma palavra única, sem possuir conheçimentos nem chegam a saber o que é um seguimento religioso.

    ResponderExcluir
  3. Pô, eu sou cristão protestante, mas tenho muitos amigos de religiões africanas. Não tenho preconceito algum, pois acredito que podemos conviver com quaisquer diferenças. Sejam de caráter religioso, étnico, econômico ou sexual. Preconceito nada mais é do que um sinônimo para ignorância, ou melhor, para burrice. Se todos fôssemos ou pensássemos igual, será que saberíamos lidar com tantos clones de nós mesmo? Acho que não. Provavelmente buscaríamos atacar até a nossa semelhança, até quem pensasse como nós. Infelizmente eu acho que não há jeito para essa nossa sociedade preconceituosa. O que todos têm de fazer é ir em buscar de seus direitos e não deixar impune abusos ou tratamentos vergonhos como o citado nessa postagem.
    Bom, deixei aqui minha "curta" opinião. rs
    Abraço Leke. =]

    ResponderExcluir
  4. Adorei , todos juntos venceremos. Um beijo amigo by: Juliana

    ResponderExcluir

Com medo de sofrer preconceito, praticantes do candomblé não revelam a crença no emprego
Clarissa Monteagudo - Extra

RIO - O preconceito que deixa marcas profundas nas crianças do candomblé durante sua vida escolar acompanha os praticantes da religião no mercado de trabalho. Invisíveis nos processos de seleção, muitos se declaram "católicos" na hora de traçar seu perfil em entrevistas de emprego. Ou não declaram crença religiosa com medo da discriminação.
O técnico em telecomunicações João (nome fictício), de 30 anos, trabalha em uma grande empresa de telefonia celular. Ele é um pai-de-santo da nação ketu, mas, no trabalho, todos pensam que é católico.
- É triste porque você nunca pode dizer quem é. Tenho medo porque o preconceito é uma arma. Se descobrem que sou um sacerdote de religião afro, vão pensar que sou do mal - desabafa João.
Quem foi "descoberto" sabe o preço da revelação religiosa. A doméstica Sandra Maria da Cruz, de 36 anos, foi dispensada em março após cinco anos de trabalho na casa de uma família de italianos. No dia anterior à demissão, ela conta que o patrão a viu com suas roupas afro, obrigatória para quem cumpre sua "obrigação de sete anos", período de retiro espiritual, que corresponde à maturidade religiosa no candomblé.
- Meu patrão estava de férias, mas a casa é monitorada por câmeras da Itália. Ele já tinha me dito que "não gostava de macumba". Quando voltou para o Brasil, me viu com a roupa da minha obrigação de sete anos, e levou um susto. E me demitiu no dia seguinte. Depois disso, nem pude entrar no prédio - conta Sandra Maria, hoje a mãe-de-santo Mameto Monalumpanzo, que quer dizer "mulher de Xangô em nação Angola".
Sonhos adiados
Por causa do desemprego, ela teve que fechar sua casa, em Belford Roxo, onde sonha instalar seu barracão, no futuro. E deixar sua filha com a madrinha para morar em uma quitinete improvisada, em Campo Grande. Hoje, vive de bicos e sonha em reestruturar sua vida:
- Ninguém dá emprego a quem está de preceito no candomblé, só se pertencer à religião. É injusto porque somos iguais, trabalhamos igual a qualquer um e somos capazes - encerra.
Vítimas aprendem a denunciar
A história de Sandra é a mesma de tantas vítimas de preconceito religioso. Um roteiro comum que mistura mágoa, indignação e a total falta de informações sobre como lutar por seus direitos. Para Carlos Nicodemos, coordenador jurídico de atendimento às vítimas assistidas pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, nunca houve no Brasil estruturas preparadas para proteger e defender quem sofreu algum crime contra a liberdade de crença.
- Não há uma política de controle de violação de Direitos Humanos por intolerância religiosa. Agora, o poder público começa a pensar, mas por causa de um movimento criado pela sociedade civil - diz o advogado, organizador-executivo da ONG Projeto Legal.
Como denunciar
De acordo com a ouvidoria da secretaria estadual de Assistência Social, no segundo semestre de 2008, foram registradas 150 denúncias sobre preconceito religioso. O Disque Intolerância Religiosa da secretaria (2531-9757) dá informações às vítimas de intolerância e também presta assistência.
Há diversas entidades engajadas no combate à intolerância religiosa, entre elas o Centro Espírita Umbandista do Brasil e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas.